Realmente não é fácil. Ainda mais se este perdão é direcionado à mesma pessoa. Lógico que, analisando sob a ótica de uma vida inteira, esta quantidade imensa de perdão é até aceitável, afinal, em uma existência completa teremos sim, com certeza, várias pessoas que cruzarão nosso destino e que, por um motivo ou outro, talvez tenhamos que perdoar.
No entanto, caso tenha de ser um perdão direcionado à uma mesma pessoa, que ao longo da nossa vida tem atitudes que nos magoam, oprimem, humilham ou agridem de alguma forma, é recomendável que a capacidade de perdão tenha até um certo limite, de tal forma que imponha-se um "basta" à situação e a vida possa prosseguir livremente, sem mágoas ou rancores.
Com isso, queremos dizer que podemos perdoar uma vez, duas vezes, oferecer a outra face, mas que saibamos parar o processo a tempo de não haver novas ocorrências.
Se em sua vida existe alguém a quem já teve que perdoar vezes seguidas, sem que a pessoa mudasse de atitude para melhor, a orientação é (tentar) afastar-se dela o máximo que puder, dependendo da situação. Perdoar não significa em momento algum que você tenha que aceitar indefinidamente um sofrimento impingido por alguém. Isso é masoquismo. Perdoar é compreender, apenas isso, compreender que o outro é incapaz de ter uma atitude correta com você, ou com os outros. Perdoar não significa obrigar a si mesmo a "gostar" de alguém que só lhe faz mal, ou ainda, ter que conviver com ele vida afora.
Mesmo que seja alguém que você ame muito, saiba perceber o limite entre saber perdoar infinitamente, ou ter uma tendência ao sofrimento e masoquismo. Ame primeiro a si mesmo, para depois poder amar a alguém.
A partir do momento que o perdão é sentido no coração, ganhamos a capacidade de nos libertamos de uma carga negativa e pesada que é imensa e, automaticamente, nos libertamos também da pessoa em si. O alívio é indescritível e a paz de espírito ultrapassa a capacidade de explicação. Perdoar liberta, perdoar livra-nos de uma situação de estagnação que impede a evolução e o crescimento da espiritualidade.
Mas lembre-se que você não é obrigado a conviver com alguém que já não suporta mais, apenas para provar a si mesmo ou aos outros que superou a situação ou que, enfim, perdoou. Deseje apenas coisas boas a esta pessoa, além de paz, alegria e prosperidade. Sempre que ela lhe vier à mente, ou cruzar seu caminho, faça uma pequena oração, dizendo: "Que a paz de Deus esteja com você". Com o tempo verá que diminuirão os pensamentos e sentimentos negativos, transformados em paz para você também.
Perdoe setenta vezes sete ao longo de sua vida. Perdoe até mais do que isso. Mas saiba distribuir bem o seu perdão entre todos, sem deixar que uma única pessoa monopolize todos eles para si.